by Rita Gonçalves
O negócio de vending da Nestlé virou-se para as pequenas empresas e está a crescer 20% ao ano. As pastilhas Boundi são a grande aposta.
Os primeiros registos de comércio através de vending (venda automática de produtos através de um equipamento) surgiram há dois mil anos mas só nos anos 40 do séc. XX, em plena guerra mundial, esta actividade começa a ganhar expressão, explica o site da associação do sector.
A Nestlé Professional, divisão da multinacional responsável pela área de vending, deu os primeiros passos neste negócio em Portugal há pouco mais de dez anos mas apenas há seis a empresa suiça apostou numa operação “mais estruturada”, explicou ao Hipersuper João Paulo Almeida, responsável de marketing.
“No início vendíamos apenas produtos e não conseguíamos garantir a qualidade do produto final. Porque é um negócio indirecto, fornecemos cerca de 300 operadores de vending, especialistas na operação logística e no serviço ao cliente. Actualmente, acompanhamos o trabalho destes operadores, ajudamo-los a crescer, damos apoio, para que a experiência final, quando o consumidor retira o produto da máquina, seja a melhor possível”.
São cerca de 300 os clientes da Nestlé em Portugal, na maioria empresas de grande dimensão. Mas a evolução deste segmento tem os dias contados, revela João Almeida. “A galinha dos ovos de ouro acabou. Por ter consumos elevados e rápidos, todos os operadores apostaram nas grandes empresas. A concorrência aumentou, o preço diminuiu e a rentabilidade caiu”.
Por isso, todas as atenções estão agora centradas nas Pequenas e Médias Empresas (PME), onde a implantação de máquinas está a crescer. Embora não existam dados sobre o parque de máquinas instaladas em Portugal, assim como informação sobre o consumo nacional, João Paulo Almeida garante que o vending na Nestlé está a crescer 20% ao ano, impulsionado sobretudo pelo segmento de pastilhas, que tem tido sucesso nas empresas com consumos reduzidos.
Aumentar preço
É nos EUA, Japão, Inglaterra e Alemanha que o vending está mais desenvolvido. A Oriente nasceu recentemente uma máquina que comercializa hamburgers confeccionados na hora e no país de Angela Merkel um produtor artesanal resolveu pôr à venda nas máquinas de vending as iguarias feitas à mão. Será que em Portugal há espaço para desenvolver estas actividades? Não, segundo João Paulo Almeida. “Nas feiras internacionais há sempre máquinas inovadoras mas caem por terra no que diz respeito à rentabilidade. A Nestlé teve um projecto internacional em parceria com outro fabricante, no qual reunia uma máquina tecnologicamente sofisticada e produtos ultra-congelados de qualidade. Mas o custo da máquina era muito elevado e o preço da refeição tinha de responder ao investimento no equipamento”.
No entanto, aumentar o preço de venda é o principal desafio do sector, explica o responsável de marketing da Nestlé. “Há muitas empresas neste mercado, cerca de metade são operadores individuais. Como têm uma estrutura completamente diferente da de uma grande empresa, sobretudo em termos de custos, fazem com que os preços se mantenham estáveis. Os preços de produção, de gasolina aumentam, e os dos produtos não. E isso afecta a rentabilidade”.
Poupar tempo e dinheiro
O vending nasceu com o objectivo de levar o serviço ao consumidor. Ou seja, para reduzir o tempo de pausa dos trabalhadores, o café está disponível na empresa dispensando a necessidade do colaborador se deslocar à pastelaria próxima do local de trabalho. É este, aliás, o factor que ainda faz crescer este mercado, explica o responsável de marketing da Nestlé Professional. “O vending traz sobretudo vantagens para as empresas, ao reduzir os tempos mortos no trabalho. Cada funcionário tem um custo por hora associado. Basta calcular a diferença entre o tempo gasto na ida à pastelaria e a deslocação à máquina”.
O café é o core business da Nestlé Professional, embora comercialize leite, chocolate, e derivados de café, como capuccino, entre outros. Na variedade grão opera com a marca Sical, no solúvel com a Nescafé e no segmento de pastilhas impera a marca Buondi.
Há três tipos de máquina: as Automatic Vending Machine (AVM), que se justificam em locais com consumos elevados, as Table Top (de média dimensão) e, por último as Office Coffee, concebidas para pequenas empresas.
Quanto às formas de pagamento, utilizam moedas ou fichas que substituem o numerário, cartões de débito e crédito, estes com baixa implementação no mercado nacional pelo elevado investimento que regra geral encarece o produto final, e o livre serviço, ou seja, sem custos. João Paulo Almeida lembra, no entanto, que o conceito original do vending é “pagar de imediato”.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário